04 setembro 2011

Ao bisa que não conheci

Setembro, mês que Maria Emília chegará, é também o mês que perdemos o Vô Augusto e nos deixa muitas saudades.

QUANDO SETEMBRO CHEGAR
Poema de Ludmila Guarçoni


Quando setembro chegar o inverno terá acabado e o amanhecer virá me acordar,
apressado.
Não mais haverá folhas secas caídas ao chão, pois as cores, antes tímidas,
voltarão em puro êxtase, bailando num festival deliciosamente provocante.
Quando setembro chegar o sol estará pleno, iluminando os mares do meu mundo.
Uma brisa suave teimará em bater de leve em meu rosto, desajeitando meus cabelos
úmidos e pesados. Um aroma antigo se fará presente, trazendo consigo a quietude
do meu ser.
Quando setembro chegar serei embalada por uma música e por alguns instantes
deixarei de respirar. Em órbita, minha razão terá sido arrancada de mim por algo
que não pretendo explicar.
Um doce fechar de olhos.
Um meio sorriso preso nos lábios.
Quando setembro chegar correrei ao encontro dos sentidos. Ao abrir uma janela
descobriria um novo cheiro, ao escancarar uma porta um novo gosto. Na intimidade
de um toque, desvendaria um olhar.
Uma onda de felicidade atingirá todo meu corpo. Alegria em forma de espuma nos
pés, contentamento em forma de grãos de areia nas mãos. Não haverá nuvens no meu
céu.
Quando setembro chegar eu serei todas as estações do ano…

2 comentários:

  1. Pedi muito a Deus que meu avô Augusto conhecesse Maria Emília...mas tem coisas que não podemos escolher, a nossa data de entrada e a data de saída deste planeta já estão programadas mesmo antes de chegarmos aqui...
    Confesso que estou muito triste com a perda dele, afinal, ele foi muito presente em nossas vidas:

    "Na época em que estudava no período da manhã da Faculdade, acordávamos às 5h da manhã, eu e ele íamos juntos de ônibus até a Rodoviária Tietê cada qual para o seu destino, o percurso era de 45 minutos e ele sempre meu fiel companheiro:
    Na estação nos despedíamos, mas meu avô antes de tomar o próximo ônibus para seu trabalho me deixava na porta do meu segundo ônibus em direção a Moóca, onde eu estudava...eu tinha 18 anos e ele 65 anos..."

    "E quando éramos pequenos, eu com 8 anos e meus irmãos com 6 e 4 anos, acordávamos com cheiro de pão português fresquinho feito na hora pelo meu avô e a surpresa de que ele tinha ido bem cedo nos fazer uma visita... junto com minha mãe lá ele estava na cozinha na produção dos pães...que delícia! posso sentir a mesma sensação de felicidade agora..."

    "Ah! Quando éramos adolescentes, meu avô conversava muito comigo e com minha irmã, sobre os "alfacinhas", como ele dizia, eram os garotos abonados de lisboa que só queriam fazer farra, e que tínhamos que tomar cuidado, pois no Brasil, também haviam meninos como aqueles..."

    "Preciso dizer também que até mais ou menos os meus 12 anos eu ainda tinha dificuldade de entender muitas palavras que ele pronunciava, ele era um portuga que falava com muito sotaque..."

    "Meu avô também contava para gente histórias sobre os "capa pretas", uma moçada que ao ingressar na Universidade de Coimbra, usam roupas pretas, como uma capa bem longa, em todo o curso universitário...e tanto ele dizia, que quando tive em Portugal no ano passado com meu marido, a primeira coisa que eu queria encontrar era um desses...vimos muitos, agora,por todo Portugal, são meninos e meninas que entram na Universidade e usam essas roupas após o batizado, espécie de trote que fazem aqui no Brasil, até a finalização de seus cursos... tiramos muitas fotos e escutamos muitas histórias..."

    "Mais feliz fiquei quando apresentei o Renato ao meu avô, logo eles fizeram amizade... ele achava o Renato muito bacana, sempre perguntava dele e o considerava como neto..."

    Por tudo isso e por muito mais, sou orgulhosa do vô que tenho, não digo tinha, pois sei que um dia o encontrarei, somos eternos...
    Eu o amava muito...
    Sempre tive orgulho de dizer para as pessoas:
    " eu tenho um avô de 88 anos que trabalha, faz caldo verde, folar, pizza, adora pescar, e até pouco tempo buscava leitão no mercadão da Lapa para assar (detalhe ele ia de ônibus), e o melhor de tudo é que ele tem amigos por toda parte...ele se foi... deixou saudades...deixou lembranças...
    Certamente Maria Emília escutará muito sobre a história do seu Bisa Português.
    Te amarei sempre vô!

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  2. Tivemos pouco contato com o "vô Augusto" mas com certeza forma momentos marcantes.
    Não esquecemos de uma deliciosa reunião, onde nos recebeu em sua casa para um almoço especial para a família do Renato.
    Quitutes portugueses deliciosos, músicas portuguesas em uma fita cassete,curiosidades da cultura portuguesa, causos e contos narrados pelo Sr. Augusto tornaram aquele dia especial e e ele permeneceu em nossa memória e em nosso coração como uma pessoa que viveu intensamente e fez a sua história ...

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